Os corpos dos quatro jovens mortos a tiros na madrugada de quarta-feira, enquanto dormiam em uma casa no Jardim Ingá, em Luziânia, foram velados e enterrados no cemitério da cidade, na tarde de ontem. Entre os mortos durante a chacina, três eram irmãos. A Polícia Civil de Goiás informou que o caso está sob investigação e, até o momento, os autores dos disparos não foram identificados. A suspeita da corporação é a de que uma vingança tenha motivado o crime.
Os assassinatos ocorreram na Quadra 351 do Parque Estrela Dalva 9, no Entorno do DF, por volta da 1h30. Os irmãos Lucas da Costa Magalhães, 20 anos, Mateus da Costa Magalhães, 19, e Luan da Costa Magalhães, 16, além do amigo Lucas Matheus dos Santos (idade não identificada), morreram na hora. Um quarto irmão que também estava no local teria sido atingido na mão, fingiu-se de morto e esperou até que a dupla fosse embora. Depois, saiu e foi até a casa da mãe para pedir ajuda. Outro rapaz que também estava na residência chegou a ser atingido, mas sobreviveu ao ataque.
Segundo o titular do Grupo de Investigação de Homicídio (GIH) de Luziânia, Eduardo Gomes, Lucas Matheus teria praticado um homicídio no domingo e o fato pode estar vinculado a uma vingança. “A nossa linha de investigação é essa. A princípio, os irmãos não participaram da ação, mas davam abrigo ao amigo, que matou outra pessoa. Hoje (ontem), ouvimos brevemente o irmão de 30 anos, que sobreviveu. O depoimento dele na delegacia está marcado para a próxima segunda-feira. Por enquanto, ele negou ter visto o rosto das pessoas que atiraram contra eles dentro da casa.” O outro rapaz que conseguiu escapar não foi localizado. “Nossas equipes estão nas ruas para tentar identificar os suspeitos.”
O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) informou que as circunstâncias da chacina em Luziânia ainda são apuradas e as investigações são acompanhadas pelo Ministério Público. A instituição aguarda as conclusões do inquérito policial, apontando o que de fato ocorreu e as motivações dos crimes, para definir as providências cabíveis visando ao enfrentamento da questão.
Insegurança
O crime ocorreu uma semana depois de o Correio publicar uma série de reportagens sobre a alta incidência de homicídio de rapazes negros no DF e Entorno. De acordo com o consultor em segurança pública George Felipe de Lima Dantas, crimes desse gênero não estão relacionados a uma individualização e começam a parecer não apenas “naturais” pela quantidade, mas típicos pelos padrões. “Chacinas são fenômenos conhecidos, pois obedecem a padrões. O Jardim Ingá é conhecido como uma região bastante violenta. As periferias são regiões que, caracteristicamente, sofreram um processo de urbanização súbita e desordenada e, o fato de o processo não ser planejado, implica também em menos aparelhos do Estado.”
Para ele, o episódio produz uma sensação de insegurança e pânico moral. O que pode ser notado, nesse sentido, é a relação entre certos fatores de risco usualmente presentes nesse cenário. “Incluem jovens do sexo masculino, a utilização de armas de fogo e a posse ou uso de drogas lícitas ou ilícitas, além da incapacidade de resolução pacífica de conflitos. Geralmente, a garantia do negócio é a vida das pessoas”, afirmou Dantas. Ainda segundo o consultor, não só a cidade onde o crime aconteceu, como outras do Entorno, estão entre as comunidades com os maiores índices de mortes violentas. “As taxas registradas estão acima de 70% para cada 100 mil habitantes. Chegam a ser maiores que as do Brasil, que estão por volta de 25%.”
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